sábado, setembro 29, 2012


Trabalho na Acrepom resgata a cidadania de seus associados

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Durante os 5 dias da semana, José Lúcio Silva deixa sua residência, no Bairro Alvorada, em Araçatuba, às 7h. Uma hora mais tarde inicia seu trabalho na rua Rangel Pestana. Operador de prensa, ele executa a compactação de objetos recicláveis, deixando seu posto para um intervalo entre as 11h e 13h, e no momento da saída, após as 17h30. Silva é um dos 30 associados da Acrepom (Associação dos Catadores de Papel Papelão e Materiais Recicláveis).
Contando com experiências na lavoura, na metalurgia e na venda de sorvetes, participa dos trabalhos na entidade pela segunda vez. “Trabalhei aqui por 6 anos, fiquei parado por 3 e estou de volta há 1 ano e meio. Antes fazia a coleta, na rua, mas quando um operador saiu, como sabia usar máquinas, fiquei no seu lugar”, conta.

Ativa há 16 anos, a sociedade foi criada com o objetivo de resgatar a cidadania de seus integrantes e colaborar na diminuição da poluição. Em 1995, a Campanha da Fraternidade concentrava-se nos excluídos e através de levantamentos realizados, descobriu-se que havia uma centena de coletores de papéis sem abrigo, sofrendo de desnutrição e expostos à violência, ao alcoolismo e ao clima.
A preocupação com esses dados levou a reuniões entre o Centro de Direitos Humanos de Araçatuba e catadores, que tiveram como consequência a fundação da instituição, em 1996. 
Fundadora e membro da atual direção, a vereadora Edna Flor (PPS) acredita que a Acrepom tenha trazido benefícios para seus associados, “Eles passaram a ter seus direitos básicos, tais como: alimentação, assistência à saúde, moradia, alfabetização e a renda”, explica.
Atualmente, seus membros recolhem em toda a cidade cerca de 100 toneladas de recicláveis por mês.  Levados à sede por carrinhos de mão e caminhões, objetos de papel, papelão, plástico e vidro são separados, prensados em fardos e vendidos para empresas de reciclagem de Araçatuba e Birigui. 70% da renda são empregados na remuneração dos trabalhadores – que recebem um salário mínimo, e o restante em despesas e assistência.
Segundo a presidente da entidade Silvia Helena de Souza, pequenas realizações como a compra de uma bicicleta e a conquista de crédito no comércio são grandes gratificações para os associados. Ela destaca ainda que o objetivo da associação não é a permanência das pessoas como funcionários. “Queremos que eles tenham suas vidas transformadas, consigam voltar para suas famílias e com os cursos de alfabetização e capacitação que oferecemos, encontrem novas profissões.”

Enquanto continuam com seus trabalhos na Acrepom, recebem apoio da associação, de instituições parceiras (entre elas, o Senac, a Fundação Banco do Brasil, e o Ministério do Trabalho) e da própria comunidade. Silva aponta como o maior benefício conquistado a casa em que mora, parte do Núcleo Sagrada Família, conjunto de dez habitações doado à associação pela paróquia do Espírito Santo.
Já sua colega Maria da Paixão da Silva Souza, responsável pela separação de papéis, comemora a mudança nas condições de trabalho. “Quando trabalhava no lixão, levantava muito cedo, trabalhava debaixo do sol quente e não tinha horário de almoço certo”, lembra.


Por Rafaela Tavares
(Texto feito para a aula de Técnicas de Apuração e Reportagem)

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